Ordem e Desordem

  Esse tema é introduzido inicialmente na página dos Enfoques




Achar em tudo desordem é prova de supina ignorância; descobrir ordem e sistema em tudo é demonstração de profundo saber.” 


- Marques de Maricá


  


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Meus ideias e a desordem do mundo que não os segue.

Alguns vêm desordem em tudo. Tudo o que no mundo não está de acordo com sua referência de ordem, o que é a imensa maioria das coisas, está em desordem. Outros vêm ordem em tudo (veja no item 'A existência é perfeita em si ...' nesta página).

Se a referência adotada é um certo molde ideal de como as coisas deveriam ser, veremos desordem em tudo, pois nossos modelos não dão conta da realidade como ela é. 

Mas se a referência é as coisas como são - o que inclui as coisas como foram e como podem ser - tudo fica mais simples e explicado (o que não quer dizer que não possamos querer reinventar essa realidade reconhecida).



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Nome: Ordem e desordem

Número: 29

Sigla: ords, orde, xord


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Explicação do que não é:

Ordem e desordem não são aspectos objetivos, absolutos, embora a familiaridade que temos com algumas realidades nos faça pensar que certa ordem é óbvia e inquestionável.


Termos semelhantes: correto/incorreto, organizado/desorganizado, justo/injusto, 


Explicação do que é

A ordem e a desordem formam um par de aspectos que estabelece ordens das mais variadas que organizam as relações entre as realidades, e entre os aspectos, dando corpo e estrutura ao pertencimento que se manifesta por meio dessas diferentes formas e organizações.


Aspectos relacionados: partes e todo, absoluto e relativo, abordagens, caminho, estados, etc.



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Ordem, desordem e a invenção da realidade

A invenção da realidade alterna, intercala e combina ordem e desordem. A invenção é o espontâneo, natural, inusitado, imprevisto, incontrolável, variado, disputado, combinado etc. e cada um desses arranjos implica numa certa ordem, múltiplas ordens portanto, e muito desordens também. 



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Ordem, desordem e demais aspectos da realidade


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As ordens (ordem e desordem) e a inclusão e exclusão.

Cada inclusão e cada exclusão, e suas variações, que ocorrem na realidade, e elas ocorrem a todo o momento, altera a ordem das coisas, e a reconfigura, atualizando a ordem do todo com a simples entrada, ou saída de uma nova/velha parte.


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As ordens, o absoluto e o relativo.

Toda organização e estrutura de elementos é, em si, uma ordem. Mas, ao mesmo tempo, relativamente a outras referências ou outras ordens, pode ser considerada uma desordem.


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As ordens, o tangível e o intangível.

As ordens que vemos e acessamos, as ordens tangíveis, explícitas, não são as mesmas das ordens intangíveis. 

Ou talvez as ordens tangíveis sejam parte das ordens intangíveis e essas se combinem e relacionem de formas não facilmente percebíveis ou compreensíveis por nós.


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As ordens, as partes e o todo

Cada aspecto da realidade, tem certa ordem que estabelece na sua condição de parte dos 'todos' aos quais integra. E outra(s) ordem(ns) que estabelece como um 'todo' em relação com as partes das quais se constitui.

Cada aspecto tem uma faceta de parte (daquilo que integra) e uma faceta de todo (daquilo que é integrado). A parte tem uma determinada inserção na ordem entre as demais partes, e outra inserção na ordem do todo maior que integra. 

Enfim, ordens das partes, ordens dos todos.


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Como as Ordens se combinam com as Posturas?

A primeira postura, Apenas Isso, aquela na qual acreditamos que apenas nossa visão de mundo existe ou é válida, encaixa-se perfeitamente com a visão de que a ordem correta do mundo e de suas coisas é a minha. Quando duas pessoas com essa mesma visão se encontram, ambas continuam vendo a própria ordem como a correta e consideram a ordem do outro uma desordem, uma visão incorreta da realidade. 

Isso nos leva à próxima postura, isso ou aquilo, na qual temos duas ordens (em si) que buscam se eliminar ou invalidar reciprocamente porque se enxergam como desordem, uma em relação à outra.

A próxima postura não é uma decorrência necessária, mas já começa a melhorar a nossa situação. Se encaramos a disputa entre duas ordens pela abordagem do isso e aquilo, se aceitamos, em paz, que as duas são ordens em si, então elas passam a ser ordens também na relação entre elas (uma vê a outra dessa forma), como uma ordem diferente, mas existente e válida. Nesse momento, se abrem múltiplas possibilidades de conviver bem com ambas ordens apesar das diferenças.

A última postura, um por todos, todos por um, e cada um em sua medida, parte do pressuposto de que ambas ordens existem e são igualmente válidas (ou seja, parte da postura isso e aquilo), mas vai além, e considera que ambas podem ser integradas numa nova ordem, diferente, que aceita e expande cada uma delas.

A diferença entre as duas últimas posturas é que no isso e aquilo aceita-se a existência e validade de ambas, mas há um custo necessário de adaptação, ou seja, considera-se a ordem 1 válida apesar das restrições que a ordem 2 lhe impõe (e vice-versa). Já na postura do cada um em sua medida, ambas ordens podem, potencialmente, se realizar plenamente, e além disso, podem até se beneficiar das diferenças entre si.


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Cada coisa está numa certa ordem, mas depois já não estará mais.


As ordens e os estados são intimamente relacionados. O que chamamos de estado de alguma coisa é, enfim, sua ordem, sua estrutura, sua forma. 


Contudo, quando tratamos dos estados contudo enfatizamos seu caráter transitório - os estados variam - e suas espécies em relação à certeza de sua manifestação - estados possíveis, estados prováveis, e estado atual. 


Os estados da realidade e de seus aspectos estão fundamentalmente em mudança, e nessa transformação é normal que o estado anterior seja visto como desordem pelo estado posterior (e vice-versa), ou seja, para que haja evolução, é necessário que a ordem anterior seja considerada desordem e se busque uma nova ordem, e é natural que a ordem anterior veja a nova ordem, que lhe relativiza ou ameaça, como uma desordem, uma ordem não desejada. 





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O meu caminho é feito pela ordem sequencial das situações que vivo ao longo do tempo.


O caminho é o aspecto da realidade - concreta, pessoal, abstrata - que relaciona, numa certa ordem, em qual situação estávamos no passado, o princípio (de onde eu parti), em qual situação me encontro agora (minha posição atual), para qual direção estou indo (meu objetivo), qual o percurso ideal que pretendo seguir, qual o percurso real que estou seguindo, quais os meios de que disponho para a caminhada, e qual o mapa que tenho que representa as posições relativas de todos esses aspectos.


O caminho assim é uma ordenação dos aspectos no espaço - concreto, subjetivo ou simbólico/abstrato. E cada um, em cada circunstância, faz uma ordenação desses aspectos em diferentes etapas, até porque o normal é que as pessoas saiam de pontos de partida diferentes uns dos outros, e tenham forças e fraquezas diferentes que vão as fazer preferir um ou outro tipo de terreno para atravessar.




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Ordens, desordens e a realidade que é sobre mim.


A realidade como ela é é a soma de todas as ordens existentes, inclusive a ordem de cada pessoa e suas subjetividades. Na perspectiva de mundo de cada um de nós, portanto, o que não pode faltar, ou deixar de receber a importância necessária, é a ordem subjetiva de cada um, quem somos nós, pois é sobre essa ordem que cada um de nós assenta sua visão sobre o mundo que o cerca.


Embora seja acalentadora a ideia de que exista um ser supremo que ordena todo o universo e reserva nele um espaço privilegiado para cada um de nós, tratam-se de bilhões e bilhões de realidades diferentes, superpostas, conflitantes.


Assim, o arranjo da minha realidade no meio das demais não prescinde da minha ação e intenção, aliás, necessita do meu protagonismo para - nesta perspectiva singular que é a realidade como ela é vista e vivida por mim - reconhecer o mundo e reinventá-lo a partir desse epicentro único, irrepetível e insubstituível, pois nunca houve ou haverá outra pessoa igual a mim ou a você.





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Ordem, desordem e o fundamento da existência.


Não importa o quão errado, falso, injustificável, incoerente, inviável, inválido, distorcido, enviesado, ou desordenado algo pareça para nós, tudo isso é absolutamente irrelevante para o fato de que, apesar de tudo, todas essas coisas existem e são, para a existência, exatamente iguais.


Sim, podemos fazer um milhão de julgamentos, adequados até, a partir de cada um daqueles critérios de reprovação, mas eles dizem respeito às formas, manifestações da realidade e não a ela em si, que simplesmente existe. Assim, é irrelevante para a validade da existência de algo o fato disso estar ou não conforme o nosso modelo ideal de ordem, justiça, validade, verdade, beleza, coerência.



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Ordem, desordem, pertencimento e forças e contraforças

Quando as relações se estabelecem na ordem e na medida adequada, para as realidades e pessoas envolvidas, temos o pertencimento e a atuação equilibrada das forças e contraforças. Assim, não são quaisquer tipos de relação que estabelecem o pertencimento saudável e quaisquer tipos de forças e contraforças que estabelecem o equilíbrio.

Assim, mesmo que fosse por exceção (o que não é o caso), também existe o pertencimento que aprisiona (o emaranhado na linguagem da constelação familiar) e o pertencimento que liberta, o equilíbrio que aprisiona, e o equilíbrio que liberta, a ordem que aprisiona e a desordem que liberta.



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Ordem, desordem e o fundamento da autonomia.

Porque as ordens têm autonomia, e portanto não seguem a heteronomia de um único e coerente modelo ideal de organização das realidades, cada uma delas tem sua própria estrutura e são todas, ordens em si, e desordens uma em relação a outra (na perspectiva que é mais comum, do isso ou aquilo).

Assim, além do reconhecimento da existência de todas as ordens e desordens, temos também a autonomia  (que é sempre relativa a certos aspectos) de cada uma delas afirmando-as como elas são e nos colocando o desafio de aceita-las no mundo apesar de muitas vezes elas negarem e se oporem (pelo menos num primeiro momento) a nossa própria visão e forma de viver no mundo.



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Aqui você encontra a lista de todos os aspectos da teoria e pode usá-la para navegar por eles.


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Imagem de Brett Jordan: https://www.pexels.com/pt-br/foto/caos-anarquia-bagunca-confusao-5721050/

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