Realidade Temporal

    



Tempo, tempo, mano velho

Falta um tanto ainda eu sei

Pra você correr macio.

- Pato Fu



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Ficha do aspecto.

Nome: Realidade temporal

Número: 52

Sigla: rtem

Explicação do que não é: A realidade temporal não é uma linha imaginária onde os eventos aparecem numa ponta (o futuro), vem ao encontro do presente e escorregam para o passado onde são apagados da existência.

Termos semelhantes: tempo,

Explicação do que é: A realidade temporal é o tempo como aspecto integrante de toda a realidade. Esse tempo pode se manifestar de diversas formas, mas esquematicamente se divide em realidade passada, realidade presente e realidade futura.

Métodos análogos e referências: A história costuma cuidar do passado, o jornalismo do presente, e as ideologias do futuro.

Aspectos relacionados: A realidade temporal é componente da realidade concreta.


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A realidade temporal como aspecto da realidade como ela é.

Estamos todos inseridos no contínuo tempo-espaço da realidade concreta e não há como fugir dele. Ainda assim somos capazes de pensar em seres para além do tempo (Deus é eterno) e que as ideias da realidade abstrata podem ser consideradas atemporais.


A realidade temporal e a invenção da realidade. 

O jogo permite todas as estripulias temporais que a realidade "séria" e científica, ou os dogmas, não permitem. Assim, podemos nos imaginar viajando no tempo (De volta para o futuro é uma série clássica), e intervindo no passado diretamente, em vez de reconhecê-lo e ressignificá-lo que é o que podemos fazer. 

Também jogamos com o tempo quando queremos pará-lo, apressa-lo ou tornar lenta sua passagem, como vemos no filme (vale a pena ver) O Click, com Adam Sandler.


A realidade temporal e os demais aspectos da realidade. 

Indo à lista do aspectos (link acima) podemos imaginar e reinventar as relações do tempo com cada um dos aspectos contidos na lista (e também outros que nos venham a mente, por que não?)


A realidade temporal e a realidade que é sobre mim.

O tempo de cada realidade (uma cidade ainda é iluminada por lampiões, outra já é por luzes Led) é próprio dela, embora queiramos apertar todas as realidades numa mesma linha temporal linear e ordenada (tal como ocorreu na transição do que era antes para depois do surgimento do fuso horário).

Da mesma forma, cada um de nós tem um tempo próprio, de nascer e de morrer, de confiar e de desconfiar, de amar e de ser indiferente, de aprender e de teimar, e assim por diante. Dessa forma, o tempo é mais um dos aspectos que pode ser explorado no domínio que reservamos para cada um de nós, para cada leitor desse texto (ou participante incauto da realidade), refletir sobre nós mesmos, conhecermos a si próprios e sermos capazes de identificar o impacto de quem somos na forma como vemos e compreendemos o mundo:


Não vemos as coisas como são,

Vemos as coisas como somos.

- Anais Nin


A realidade temporal e o fundamento da existência.

É fundamental reconhecer que a realidade temporal existe em todas as suas dimensões - passada, presente e futura - cada qual com suas características e impactos, para assim sermos capazes de entender a realidade como ela é.


A realidade temporal e o fundamento da variação.

O fluxo do tempo corre, as interações entre passado, presente e futuro abundam. Os aspectos mudam, as realidades evoluem, tudo muda com o tempo e o tempo muda com cada propósito, como diz Eclesiastes:


Tempo de nascer e tempo de morrer,
tempo de plantar
e tempo de arrancar o que se plantou, 


tempo de matar e tempo de curar,
tempo de derrubar e tempo de construir, 


tempo de chorar e tempo de rir,
tempo de prantear e tempo de dançar, 


tempo de espalhar pedras
e tempo de ajuntá-las,
tempo de abraçar e tempo de se conter, 


tempo de procurar e tempo de desistir,
tempo de guardar
e tempo de jogar fora, 


tempo de rasgar e tempo de costurar,
tempo de calar e tempo de falar, 


tempo de amar e tempo de odiar,
tempo de lutar e tempo de viver em paz.


A realidade temporal e o fundamento do pertencimento.

Todos os aspectos temporais estão conectados entre si e conectados com o restante da realidade. Tudo faz parte.


A realidade temporal e o fundamento da autonomia.

Ao mesmo tempo que todos os tempos integram a realidade maior, a realidade temporal, cada um deles tem as suas próprias características, espaços, funções e, enfim, sua própria autonomia.


A realidade temporal e o fundamento das forças e contraforças.

As tensões entre o futuro esperado ou temido, o presente consciente ou inconscientemente vivido, e um passado reconhecido como presente e um passado desprezado à lata de lixo da existência são exemplos do encontro das forças e contraforças com a realidade temporal.


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Dentre os subaspectos vinculados à realidade temporal temos: 


- Realidade passada,

- Realidade presente,

- Realidade futura,


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Quando a realidade temporal se combina com os 'estados', formam-se os estados passados, estado presente, e estados futuros.

A realidade temporal nos oferece também a alegoria do maestro da orquestra. Dessa forma, tudo cabe na realidade, mas cada coisa em seu momento. Assim, tudo tem lugar, mas cada qual no seu tempo. Ou seja, a questão do timing no qual se fazem as coisas é fundamental. E o maestro é quem coordena os esforços para essa ordenação dos aspectos no tempo. 


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Realidade passada.

Alguns enfoques culturais priorizam as tradições e o passado, como o conservadorismo. Outros priorizam o futuro e suas possibilidades, como os progressistas. 

Algumas vezes tratamos o passado como simples passado que passou (com vestígios ausentes ou desconsideráveis): 

Águas passadas não movem moinhos.


Outras vezes tratamos o passado como uma realidade que ainda se faz presente, direta ou indiretamente, devida ou indevidamente: 


Cachorro mordido por cobra tem medo de linguiça.


De Russel Napier ouvimos que a história - a visão do passado - nem sempre nos dá as respostas corretas, mas sempre nos dar as perguntas corretas, e isso é bastante importante.

De regra não conseguimos ver o passado e o presente num mesmo espaço, mas o talento artístico (Simon Brown no caso) às vezes nos traz surpresas, como podemos ver nesta foto de um navio britânico que afundou durante a II Guerra Mundial: https://rps.org/opportunities/science-photographer-of-the-year/spoty-2020-call/2020-winners/


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Realidade presente.


“O momento presente é a única dimensão da existência que vale habitar. 

Porque é a única disponível para nós. Apesar disso nós vivemos 

a maior parte de nossas vidas em algum lugar 

entre memórias e aspirações, nostalgia e expectativas” 


- Luc Ferry



Existe uma grande tradição que aborda o problema da melhor forma de nós, seres humanos, nos inserirmos no tempo. Uma delas afirma a superioridade do presente que, embora móvel, é sempre o tempo no qual vivemos e podemos agir diretamente, em comparação tanto com o passado quanto com o futuro.

A tradição oriental é bastante forte nesta vertente, como pode-se ver nos ensinamentos do budismo e da meditação em geral: o que vale, é o presente.


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“Uma consciência tranquila pode ser consequência de uma memória fraca”.


Como contraponto podemos afirmar que, embora estejamos no presente a todo momento, não podemos dizer que desembarcamos direto do éter, do Nada, a cada instante que se materializa no presente. 

O fato é que chegamos ao presente vindos do passado, e de onde viemos importa sim, e muito. Aliás, vale lembrar que o passado foi construído por meio do presente, então, de certa forma, é um presente preservado.

Assim, um elogio exagerado e confortável do presente poderia esconder - dos outros e de si próprio - nossas limitações, nossas falhas, nossas tendências e nossas origens.

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“Saber exatamente qual a parte do futuro que pode ser 

introduzida no presente é o segredo de um bom governo.”



Embora viver sonhando no futuro, em prejuízo do presente e do passado seja um problema, essa questão pode ser abordada com a integração dos diversos aspectos temporais. 

Uma das formas é a integração hábil e estratégica no presente de aspectos do futuro que, bem medidos, nem nos deixam relapsos em nossa zona de conforto, nem precipitam efeitos colaterais não administráveis em vista de se agir apenas com base num futuro que o presente ainda não comporta.


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Realidade futura.

Todos nós viemos de um certo passado, estamos num certo presente e, em princípio, a reta entre esses dois pontos é aproximadamente a nossa trajetória atual em direção ao futuro. Mas sempre podermos reinventá-lo (concreta, pessoal ou abstratamente), desde que partamos da realidade como ela é. 

Tem alguma importância a diferenciação entre um futuro-presente, que está na iminência de acontecer, cuja probabilidade de um evento previsto é bem alta - como o ônibus que observo no terminal, e que vai partir em 3 minutos, conforme a tabela de horários - e um futuro-futuro, como a questão do que eu comerei no almoço daqui a 3000 dias (se é que comerei, mas assunções aqui são muito mais incertas).


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Ansiedade é o excesso de futuro.


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A realidade temporal como subaspecto da realidade concreta.

O tempo e o espaço concreto formam o contínuo espaço-tempo aludido por Albert Einstein. O tempo medido pelo relógio de pulso, ou pelo relógio atômico, é o tempo da realidade concreta.


A realidade temporal e a realidade abstrata.

Todos sabemos que as ideias tem uma relação peculiar com o tempo. Embora nasçam, envelheçam e até morram aqui em nosso mundo da vida, por vezes voltam à vida, recriam-se, reproduzem-se, tudo enfim, sem deixar de nos dar a impressão que poderiam habitar um espaço atemporal, eterno, o que inclusive foi proposto por Platão.


A realidade temporal e a realidade pessoal.

O tempo pessoal é diferente do tempo concreto. O que um relógio mede como uma quantidade igual de tempo passa diferente para uma pessoa nova ou velha, satisfeita ou com fome, interessada no momento ou enfadada, assim, a realidade temporal pessoal tem uma certa autonomia em relação à realidade temporal concreta.


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Aqui você encontra a lista de todos os aspectos da teoria e pode usá-la para navegar por eles.


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Crédito da imagem: Imagem de <a href="https://pixabay.com/pt/users/nile-598962/?utm_source=link-attribution&amp;utm_medium=referral&amp;utm_campaign=image&amp;utm_content=620397">Nicole</a> por <a href="https://pixabay.com/pt//?utm_source=link-attribution&amp;utm_medium=referral&amp;utm_campaign=image&amp;utm_content=620397">Pixabay</a>

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