Paradigmas

 Os Paradigmas da Realidade.


Os Paradigmas da Realidade, Modos da Cultura, Paradigmas de Mundo, ou simplesmente Paradigmas, são grandes explicações de como o mundo funciona e indicações de como devemos nele intervir. 

O paradigma pode ou não ter uma ou mais ciências que lhe estudam, mas não se confunde com esse estudo disciplinado, pois o paradigma é mais como uma moldura dentro da qual vemos o mundo e como uma tinta de certa cor, com a qual em tese pode se pintar qualquer coisa, mesmo as coisas que naturalmente tenham outra cor (fica estranho, mas dá para reconhecer). 

É muito comum que um paradigma seja usado no lugar de outro, mais propício para aquela tarefa (uso da religião como as leis da sociedade, uso da ciência como a fonte de certezas e significado do mundo, uso da política para definir o que é arte de valor, uso da arte para iludir os outros sobre as alternativas políticas, e assim por diante).


O Paradigma da Técnica [PTEC] responde à pergunta fundamental do 'como' fazer algo? Como sair do ponto A e chegar no ponto B, como produzir certo resultado, como empregar certo instrumento. 

A técnica tem relação próxima com a ciência - que tem objetivos maiores de normalização e controle do que obtenção de resultados práticos - mas com ela não se confunde. 

A técnica que se integra com a arte produz o artesanato. Normalmente é um erro se pensar no "como" sem antes ter definido o "porquê" e o "para que".


O Paradigma da Ciência [PCIE] acredita que o mundo todo pode ser disciplinado para caber no método científico, com suas hipóteses, experimentos, ambiente controlado, reprodutibilidade de resultados, revisão por pares etc. etc. 

A ciência tem evoluído muito ao longo do tempo e é a ela que preferimos recorrer quando vamos voar num avião, fazer uma cirurgia cerebral ou cardíaca, usar um veículo automotor, produzir um computador ou celular etc etc. 

Mas o objetivo da ciência, ou em nome dela praticado, de erradicar a dimensão religiosa, artística ou política dos seres humanos é irrealista e tem encontrado um fracasso após o outro, embora mais nas versões de ciências exatas do que nas ciências humanas.


O Paradigma Moral [PMOR]. Nesse paradigma o mundo está inteiro dividido entre amigos e inimigos, entre aliados e adversários, entre bons (nós) e maus (os outros), e entre conhecidos e desconhecidos. O objetivo, nesta perspectiva de que o mundo é um eterno conflito, é vencer, usar os meios necessários para alcançar os objetivos buscados, independente de sua justiça, ponderação, custo, significado. 


O Paradigma da Política [PPOL]. A política pode ser vista como a gestão das questões sociais. Mas mais do que isso ela implica na intervenção nas relações interpessoais com o fim de buscar convergência entre as diferentes perspectivas individuais e coletivas. Quando esse paradigma é adotado, quase tudo que eu toco pode ser usado como um meio para os meus fins, por mais que isso subverta o sentido e vocação original do que eu tomo por instrumento.


O Paradigma da Economia [PECO]. A forma econômica de ver o mundo, nascida da escassez de recursos materiais no mundo, que de regra é sempre menor do que nossas necessidades, busca a eficiência e eficácia do menor gasto de recursos, menor custo, com a maior obtenção de resultados, ou seja, a fórmula de melhor custo-benefício de se fazer algo, ou seja, busca-se gastar o mínimo e obter o máximo com um certo esforço.


O Paradigma da Religião [PREL]  se ocupa com questões centrais da vida tais como: 

a) de onde viemos e qual a origem do mundo? 

b) como está ordenado o universo e qual o nosso lugar nele? 

c) qual o sentido do universo e para onde vamos quando morrermos? 

As religiões oferecem respostas (na visão dos que crêem literalmente) e alegorias (na visão dos que acreditam figurativamente) para grandes perguntas da vida e, a partir delas, desdobram outras tantas regras, rituais e valores. A religião moderna ainda carrega muitos princípios morais que já funcionaram, antigamente, como regras legais de ordenação social do comportamento humano, o que hoje é deixado a cargo da política e do direito na maioria dos países.


O Paradigma da Filosofia [PFIL] é a pergunta, a dúvida, e o que vier junto com elas. A filosofia, num sentido amplo, a urgência individual de questionar e querer entender - e não necessariamente a história da filosofia que conta o que os grandes pensadores já fizeram - é uma forma de abordar o mundo, de entender o mundo, cuja curiosidade supera a utilidade (como na economia), a convergência (como a política), a precisão (como a ciência), a força (como a guerra), e assim por diante.


O Paradigma da Arte [PARS] é o da criação e ressignificação das coisas. Nesse paradigma o autor de uma ação, o gerador de uma obra, está contido no mundo que cria e não é excluído como uma subjetividade inoportuna como acontece em alguns outros paradigmas. 

A arte se revela especialmente no entrelaço entre o autor, a obra e o seu consumidor. Os objetivos da arte variam, mas o paradigma é maior que o objetivo, e a arte nos acompanha, assim como os demais paradigmas, em toda a caminhada humana.


O Paradigma Predominante. A par dos paradigmas mais gerais que relacionamos na teoria da realidade como ela é, temos diversos paradigmas relevantes em nossa sociedade, como o socialismo, o capitalismo, a infalibilidade das máquinas, o paradigma masculino da força, o paradigma feminino da beleza, e assim por diante.

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