Absoluto e Relativo

  Este conteúdo é introduzido na página dos enfoques.




 Por um lado: "É o que é!"

Por outro: "A grande sabedoria, penso eu, é ter
 um sentido relativizado de tudo. Não dramatizar nada.” 

- Saramago


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- Isso é bom. 

- Depende (é relativo).

Há um conto chinês que ilustra bem a questão que sempre se coloca, se algo é bom (ou mal) por si só, ou se é relativo e depende de outros aspectos para ser assim julgado:




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A análise desse aspecto inicia-se na página dos enfoques.


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Ficha.

Nome: Absoluto, relativo.

Número: 23

Sigla: abre

Explicação do que não é: Absoluto e relativo são conceitos filosóficos complexos, que têm uma história de análises e significados variados. Aplicam-se aqui os significado que sejam compatíveis com os demais aspectos da teoria, valendo especial destaque para o caráter complementar e tratamento conjunto que fazemos de ambos.

Termos semelhantes: Imanente, transcendente; em si, em relação; intrínseco e extrínseco, autorreferente, heterorreferente; próprio/alheio e comum, 

Explicação do que é: Absoluto é aquilo que é tomado como medida de si mesmo. Relativo é aquilo que é observado não a partir de si mesmo, mas de outro ponto de referência, entre os quais se estabelece uma relação.

Métodos análogos e referências: Os conceitos de próprio/alheio e comum, que foram desenvolvidos em minha dissertação de mestrado em filosofia do direito são próximos dos conceitos de absoluto e relativo.

Aspectos relacionados: O absoluto é mais "denso" mas é menor que o relativo, que engloba vários absolutos, assim, de certa forma, o absoluto se aproxima do aspecto da 'parte' e o relativo do aspecto do 'todo', e por isso, o absoluto é coerente, mas não é completo, e o relativo é completo, mas não é coerente.

Exercícios: ...


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O absoluto e o relativo no mundo. 

Exemplo: a realidade temporal.

O absoluto, e o relativo, estão presentes nas ingredientes da realidadeAssim, por exemplo na teoria da relatividade de Einstein, na natural imanência de todas as coisas concretas do mundo, na natural relatividade de todos os conceitos, e na relatividade de nossos conteúdos pessoais (uma mesma coisa gera sentimentos e respostas diferentes em cada pessoa).


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Absoluto e relativo combinam-se com os outros aspectos.

Absoluto e relativo são aspectos da realidade assim como todos os demais aspectos. Cada aspecto da realidade pode ser visto em sua dimensão absoluta ou relativa, como fruto da relação estabelecida entre tais aspectos.


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Absoluto, relativo, e sua pertinência com as abordagens de conflitos.

Para relembrar, a primeira abordagem é aquela na qual vemos apenas um aspecto e o consideramos o único do mundo (ou pelo menos o único que nos interessa). O nome dessa abordagem é sozinho no mundo e ela releva uma faceta restrita do imanente e daquilo que é considerado em si e para si.

Agora, duas pessoas se comportando como sozinhas no mundo com suas crenças, obviamente, não estão mais sozinhas. Daí, quando duas lógicas autorreferentes se encontram, forma-se a abordagem ou isso ou aquilo, cada qual acreditando-se o centro do universo, vendo apenas o valor próprio e incapaz de criar uma relação inclusiva com seu "opositor". 

Já quando duas pessoas concebem suas posições como relativas a certos aspectos (p. ex: isso é minha opinião, em vez de essa é a verdade) e não como realidades absolutas, têm-se duas lógicas, uma dialética, em uma relação inclusiva e forma-se a abordagem do isso e aquilo, e a energia e inteligência dos participantes é utilizada para buscar uma composição, dentre as diversas possíveis, para as diferentes visões e realidades de cada um.

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Vivo falando das verdades (absolutas) do mundo, mas muito que falo é relativo e sobre mim.

O absoluto, e o relativo são fundamentais para entendermos a função do domínio da realidade que é sobre mim

Na maioria das vezes que conversamos, falamos objetivamente, das coisas em si, a verdade, a sociedade, o conflito que aconteceu, a minha amiga que mentiu etc. 

Apenas às vezes damos pistas de que na verdade somos nós que estamos falando aquilo, revelando a subjetividade que também existe numa fala objetiva - "eu acho", "eu penso", "eu acredito", "eu percebo" e assim por diante.

O domínio sobre mim serve exatamente como o espaço onde todas as questões da realidade devem ser vistas em relação a mim, à minha história, aos meus sentimentos, aos meus medos e desejos, ao momento em que vivo, e assim por diante.


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O fundamento da existência é absoluto.

Tanto o absoluto, quanto o relativo, como aspectos, existem, afinal, tudo existe. Todavia, o fundamento da existência fala principalmente da dimensão imanente e autorreferente de cada aspecto e de toda a realidade. E a existência em si é absoluta e para existir não depende de nenhum outro fator ou aspecto, como o modo, forma, estrutura, aparência pelos quais a existência se manifesta na realidade.


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O absoluto não varia.

O absoluto vale por si, autorrefere-se, e portanto, não varia. Já o relativo, em sua própria definição, relaciona dois ou mais aspectos, ou seja já há variedade e já está presente o fundamento da variação.


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As relações, o relativo na prática, formam o pertencimento.

Na perspectiva de cada pequena realidade que faz parte da realidade maior que é a realidade como ela é, o absoluto é a parte, considerada em si, que é integrada num todo maior. Já o relativo, as relações e conexões são o aspecto elementar central do que é o fundamento do pertencimento. porque para algo pertencer, precisa estar relacionado ao que pertence.


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A autonomia, em si, é absoluta. Mas na relação com os demais aspectos, é relativa.

Assim como o aspecto relativo é a base do fundamento do pertencimento, o aspecto absoluto, a imanência, é a base do fundamento da autonomia, afinal, a primeira e fundamental autonomia que todo aspecto e toda realidade possuem é poderem ser considerados, em si mesmos, uma realidade e um aspecto, diferenciando-se do seu entorno, origem, classe, grupo, contexto e assim por diante.


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As forças são absolutas. As contraforças são relativas.

Na combinação com as forças e contraforças, o absoluto, assim como a força, é o ponto de partida original da realidade. Já o relativo, assim como as contraforças, é um movimento secundário. Não há como haver algo relativo a alguma coisa sem que haja "algo" e "alguma coisa" antes, assim como não são possíveis contraforças sem forças que as precedem. O caráter absoluto das coisas as ancoram e o caráter relativo as tensionam.


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O absoluto, e o relativo, e a realidade concreta.

Se usarmos a Crostra Terrestre como uma metáfora, o que comumente observamos de um realidade é apenas sua crostra, camada, exterior, a qual foi formada, determinada, alterada, e é mantida como a mais atual versão das interações com seu ambiente. 


Depois dessa primeira camada exterior do objeto, quase transcendente, seguem-se outras camadas, sucessivamente, em direção ao âmago, e a soma delas forma o todo. Da mesma forma que ocorre com as camadas de uma cebola. O que costuma-se chamar de essência são as camadas mais internas, antigas e originais. Quanto mais interna a camada mais autorreferente ao seu objeto e menos heterorreferente ao seu ambiente, e ao contrário,  quanto mais externa e responsiva a camada, mais relaciona-se com seu ambiente. 



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O absoluto, e o relativo,  e a realidade pessoal.

A mesma pertinência que o absoluto/relativo tem com o domínio que trata sobre mim (e sobre você), tem com a realidade pessoal, embora num grau menor. 

A realidade pessoal engloba todos os elementos relativos às nossas experiências subjetivas, pessoais, as quais são absolutas em si mesmas, mas relativas a cada indivíduo, na medida em que cada um sente, pensa, crê, age etc. de forma diferente (sendo que exatamente essas diferenças de cada indivíduo é que constituem o objeto do domínio denominado é sobre mim). 



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Filosofando na academia de musculação.


A anilha de musculação é um peso (normalmente feito de ferro) que tem forma circular e que possui um furo no meio, sendo que esse tem a função de realizar uma junção com outros pesos, a qual se realiza com um encaixe numa barra na qual se colocam todos os pesos, para se obter o peso total. 


Uma configuração simples e concreta como essa também serve para explicar os conceitos de absoluto e relativo.


Cada anilha tem seu peso (muitas vezes escrito em si mesma), que se identifica como algo que lhe é realmente próprio, imanente. Ao mesmo tempo, essa anilha com peso independente se relaciona com outros objetos - a barra, outras anilhas - que o transcendem, e formam todos eles, juntos, em relação, um novo peso, um novo todo maior que suas partes integrantes.


A anilha representa fisicamente uma forma de compreender o fato de que cada fragmento da realidade tem uma parte absoluta, própria, E uma parte relativa, que também faz parte de si, mas não lhe é imanente, mas transcendente, porque vai além de si mesma e lhe relaciona a outros objetos extrínsecos, ligando-os e criando uma nova realidade maior, o peso total, a qual a anilha original constitui, integralmente, sem que tenha perdido sua natureza imanente, seu peso original. 



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Quando estou em relações diferentes, me torno, naquela relação, diferente também?

Num mesmo assunto, a pessoa pode ser mais de uma coisa ao mesmo tempo? Posso ser, por exemplo, palmeirense, corintiano e colorado? Tem gente que acha que não, tem gente que acha que sim (eu por exemplo), enfim, é relativo, embora nesse assunto a posição que aceita a relatividade seja superminoritária.

Num outro assunto todavia, nos papéis que exercemos nas relações familiares já não há problema em se aceitar que uma mesma pessoa seja diferente, inclusive em posições "opostas", desde que o seja em relação a pessoas diferentes. 

Em termos absolutos, como já aprendemos, eu sou eu, mas em termos relativos, eu posso ser outras coisas na relação com outros aspectos e pessoas. Assim, não me perguntam no dia a dia se sou pai ou filho. Porque aceita-se que eu possa ser pai em relação a uma pessoa e filho em relação a outra (mas não as duas coisas em relação à mesma pessoa), porque sou pai na relação com minha filha e sou filho na relação com o meu pai, e isso vale para as demais relações de parentesco.

A explicação talvez seja a de que as questões familiares são relacionais por definição, e não existe família de mim comigo próprio. Assim, aceitar a relatividade de diferentes posições, funções e definições de um mesmo agente numa esfera onde já se estabelece isso de antemão, torna-se a norma. E isso podemos fazer com todos os domínios da sociedade e é isso que se propõe aqui.



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Tudo é relativo. Inclusive essa afirmação.


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Aqui você encontra a lista de todos os aspectos da teoria e pode usá-la para navegar por eles.


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Crédito da 1a imagem: de <a href="https://pixabay.com/pt/users/barbaraalane-756613/?utm_source=link-attribution&amp;utm_medium=referral&amp;utm_campaign=image&amp;utm_content=2197302">Barbara A Lane</a> por <a href="https://pixabay.com/pt//?utm_source=link-attribution&amp;utm_medium=referral&amp;utm_campaign=image&amp;utm_content=2197302">Pixabay</a> 

Crédito da 2a imagem: Victor Freitas: https://www.pexels.com/pt-br/foto/pessoa-segurando-barra-841130/


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