Tangível e Intangível

  Este conteúdo foi inicialmente introduzido na página dos Enfoques.



"O essencial é invisível aos olhos."

- Saint Exuperi

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A realidade que melhor representa o par do tangível-intangível é o iceberg. 

A metáfora do iceberg, que tem várias versões (como essa aqui) é rica porque a) uma parte está visível e a outra invisível, b) as duas partes têm relação, c) a parte intangível é bem maior que a parte tangível.


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Nome: Tangível e intangível; Tangível; Intangível

Número: 26

Sigla: tain, tang, inta

Explicação do que não é: A tangibilidade/intangibilidade não é apenas a visibilidade (uso da visão) ou de outro atributo da realidade concreta (poder tocar), mas também o acesso, por qualquer meio - crença, imaginação, uso de instrumentos científicos etc - à realidade examinada; e, em grau mais avançado, a compreensão do que se acessa, e não apenas a sua percepção.

Termos semelhantes: explícito/implícito-tácito, posto/pressuposto, visível/invisível, foco/campo, consciente/inconsciente, manifesto/oculto, etc.


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Explicação do que é: Tangível é o aspecto que viabiliza que outros aspectos possam ser percebidos, sentidos e compreendidos por alguém. Intangível é toda a realidade que, definitiva ou circunstancialmente, não conseguimos acessar e perceber.

Métodos análogos: 

As ciências, especialmente as exatas e aplicadas, têm como objeto os aspectos tangíveis da realidade, que podem ser constatados, mensurados, manipulados e controlados para a obtenção de resultados normalizados, estáveis e previsíveis.

As religiões, por outro lado, também lidam com necessidades humanas - lidar com a dor da perda de um ente querido, tentar dar ordem para o universo, estabelecer uma ordenação clara entre "bem e mal", buscar o sentido da vida etc - mas necessidades que se encontram na dimensão intangível da realidade e são  originalmente indomáveis, imensuráveis, incomparáveis, intraduzíveis e assim por diante.

Aspectos relacionados: 

O que está incluído costuma ser mais tangível e o que foi excluído é mais intangível. O que é relativo, medido na relação de comparação entre um e outro aspecto é mais tangível do que é imanente e absoluto.


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Exercícios. 

Questão: Se uma cachoeira não pode ser vista como as demais, ainda assim é uma cachoeira? Bem, é o que dizem da maior cachoeira do mundo, que fica debaixo d’água. 

Questão: O que eu não vejo determina minha realidade ou não? Numa viagem exótica de férias, entro e nado calmamente num agradável rio. Dias depois descubro que aquele local é infestado de jacarés. Pergunta: jacarés perturbam o mergulho no rio ou não? Se sim, como é possível pessoas entrarem num rio cheio de jacarés e agirem como se eles não perturbasse o mergulho?


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O intangível por vezes torna-se tangível por meio de diversos recursos. Um deles é a tecnologia, que baseada na ciência, nos permite "ver" coisas que estariam completamente inacessíveis para nós, como voar um avião de noite ou no meio de nuvens sem saber onde se está. 

Assim, voa-se com instrumentos e sem visibilidade. Nesse caso, são as abstrações tecnológicas, intermediadas pelos instrumentos concretos, que permitem negar a experiência pessoal (uma janela com zero visibilidade no meio do nada) e agir com tranquilidade frente ao intangível tornado tangível por meio da ciência, da técnica e da fé em ambas.




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Muitas vezes tomamos a aparência, uma das facetas do tangível, como antecedente suficiente da presença do intangível correspondente:


“Onde há fumaça, há fogo.”


“Para bom entendedor, meia palavra basta.”


Mas na prática, as aparências podem ser enganosas, pois  “nem tudo que reluz é ouro”, e podem até indicar que vai acontecer o contrário que acontece: " e cachorro que late não morde”.



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O Tangível e o Intangível  na invenção da realidade.

Nos jogos de azar - não sabemos que carta vamos tirar no poquer, não sabemos em que casa da roleta a bolinha vai cair, não sabemos que números vão ser sorteados na loteria; e mesmo esportes, não sabemos que time de futebol ou basquete vai ganhar o campeonato esse ano - o intangível, o inacessível, estão sempre presentes, como um fator de desafios aos envolvidos e suspense dos espectadores.

E a bem da verdade, o intangível, o incontrolável, é abordado em conjunto com o tangível,  se levarmos em consideração as partes explícitas do jogo, suas regras, a técnica dos jogadores, campo de jogo adequado e assim por diante.


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Tangível e intangível  e os demais aspectos da realidade. 

Um dos aspectos da realidade ao qual o tangível e intangível é diretamente ligado é o aspecto da representação.

A representação tem um observador, um observado, condições variadas que influenciam na realidade observada (como o ponto de observação, seu ângulo e distância do observado, o tempo de observação etc.), a posição da fonte de luz, as diversas perspectivas possíveis, e assim por diante. Como no exemplo abaixo das facetas da Lua:





Outra perspectiva que a visão das diferentes facetas da Lua nos traz é que, ao vermos uma faceta da Lua, presumimos que o restante está escondido de nós. A extrapolação desse visão, de que num sistema fechado, o que não está aparente está oculto, nos leva por exemplo a, ao conhecer alguém e ver apenas uma faceta de caráter bem marcada, imaginar que a faceta oposta está oculta de alguma forma.


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Tangível e intangível  e a realidade que é sobre mim.

No domínio que trata sobre mim o intangível tem um papel fundamental. Mas vamos começar pelo começo.

Quando tratamos sobre cada um de nós, o primeiro que aparece são as nossas características, crenças e comportamento pessoais externos, nossa máscara social. A persona, conceito de Jung, é a forma como nos apresentamos socialmente, nosso comportamento aparente. A consciência é o conceito psicológico por excelência, aquilo que sabemos de nós, que reconhecemos, que enunciamos. 

Essa parte, o explícito sobre nós já é importante, visto que o problema original é se referir à realidade como se a realidade pessoal, nossas subjetividades, não fizessem parte dela e da observação que dela fazemos.

Mas o segundo passo, mergulhar em nossa inconsciência (aquilo que não acessamos e não sabemos sobre nós mesmo) ou então, entrar em contato com nossa sombra ( ou seja, aquilo que renegamos em nós mesmos e deliberada e inconscientemente somos incapazes de compreender como conteúdos próprios relevantes), é ainda mais importante, pois as maiores falhas e frustrações estão na distância entre o que não sabemos de nós mesmos e a certeza com a qual nos manifestamos sobre como as coisas são na realidade.


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Tangível e intangível  e o fundamento da existência.

Tanto o que é tangível quanto o que é intangível existe, igualmente, afinal, tudo existe, 

A existência do que é tangível parece afirmar-se por si própria, mas o nosso problema é com a existência do intangível, pois acreditamos que se não vemos ou temos como comprovar, não há como saber se é verdade. 

Essa é uma forma primitiva de conceber o universo, visto que ele é infinitamente mais longo e mais antigo que nossa percepção, cultura e história. Assim, reconhecer a existência do que não vemos, não acessamos, não concebemos, mas os outros percebem, lidam e compreendem, é um dos desafios-chave para a boa convivência em sociedade.


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Tangível e intangível  e o fundamento da variação.

Como sempre, pensamos nas categorias e aspectos como estáticos e rígidos. Mas o fundamento da variação nos permite compreender melhor a realidade e sua dinâmica. 

Assim, tangível e intangível variam conforme as circunstâncias e o que estava explícito pode passar a implícito, e o que estava inacessível pode passar a acessível. 

Essas transformações são constantes e dependem dos mais variados fatores.


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Tangível e intangível  e o fundamento do pertencimento.

Em cada aspecto, dimensão, fragmento, e componente da realidade visível a nossa percepção, existe uma realidade intangível que não está revelada. Ambos pertencem, mesmo que vejamos apenas o tangível. 


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Tangível e intangível  e o fundamento da autonomia.

Em alguns casos a continuidade e correspondência entre o que é tangível e o que é intangível são bastante consistentes (o restante do iceberg, as facetas escondidas da Lua, etc). 

Em outros, o intangível faz jus a sua natureza, e simplesmente não sabemos o que se encontra lá. O que levanta a questão-chave: Qual a autonomia do tangível, a parte visível do iceberg, em relação a sua parte invisível?


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Tangível e intangível  e o fundamento das forças e contraforças.

As forças e contraforças são, muitas vezes, intangíveis, porque por vezes a) não são visíveis, como por exemplo as forças magnéticas, b) encontram-se em estado de equilíbrio durante a observação realizada (e aí parece não haver força alguma), c) não há movimento, oscilação, ou outro sinal de energia, e d) a presença é de energia potencial em vez de energia cinética. E assim por diante.


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Tangível e intangível  e a realidade concreta.

A realidade concreta é onde aprendermos, naturalmente, os conceitos de tangível - aquilo que vemos, percebemos - e de intangível, aquilo que está fora de nossa alcance ou percepção. 

A experiência natural do tangível inclui tudo da realidade concreta que é da escala humana natural, nem grande demais, nem pequeno demais, e que não demanda qualidades excepcionais de percepção e observação.


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Tangível e intangível  e a realidade pessoal.

Na medida que os elementos da realidade intrapessoal sejam visíveis aos demais, eles se comunicam com mais facilidade com a realidade interpessoal. 

Muitos aspectos da realidade intrapessoal, todavia, são intangíveis, para as demais pessoas, e por vezes, mesmo para nós, na medida em que seja inconsciente daqueles conteúdos próprios (a maioria de nós somos ignorantes, de boa parte do que somos).



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Aqui você encontra a lista de todos os aspectos da teoria e pode usá-la para navegar por eles.


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