Competências

 


Para "surfar" a realidade em vez de ser atropelado por ela são
precisas habilidades tais como conhecer como o mar é, perceber
a mudança nas ondas, reconhecer as relações (mar, vento, 
condição pessoal etc), entender a sua própria autonomia em 
vista da autonomia das ondas, dominar a percepção e a fluidez
de movimento com a dinâmica de forças presentes no mar.

Uma das ênfases que damos aqui é na aprendizagem deliberada que nos permita viver uma vida melhor. Não que não possamos fazer isso no cotidiano, esse aliás é o ideal. Mas quem acompanha futebol sabe... para um bom jogo é preciso treinar com disciplina e atenção.

E é disso que cuidamos aqui. 

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Os conceitos dos aspectos são abstratos. As competências são pessoais.

Os aspectos podem ser vistos, para além de sua natureza de conceitos abstratos, como competências pessoais que necessitamos ter se quisermos pensar, sentir e viver melhor. 

Assim, por exemplo, o fundamento da existência das coisas como são, se transforma na competência pessoal de cada um de nós reconhecer e aceitar as coisas como são (e principalmente as que queríamos que fossem diferentes). 

Pois reconhecer a realidade como ela é, e não viver na fantasia de um mundo que não existe agora, é o pré-requisito para sermos realistas e termos força e direção para construir mundos melhores.

Para desenvolver essas competências, vem a segunda parte desse domínio, que são as formações (deliberadas ou não) que constróem em nós essas habilidades que necessitamos para conviver melhor.

A primeira aplicação das competências é o aprendizado pelos estudantes do que há de mais importante na escola da realidade: os seus fundamentos.

Falar sobre os fundamentos, no domínio dos aspectos, quer dizer falar sobre eles conceitualmente, como as ideias de existência, fundamentos, aspectos, habilidades e, é sobre mim (autoconhecimento). 

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Competências para reconhecer e reinventar a realidade como ela é.

Mas além da apropriação dos aspectos como conceitos abstratos, existe o aprendizado das competências da razão generosa, pessoalmente desenvolvidas, apropriadas e vividas. As aptidões (como o reconhecer, permitir, vivenciar, reinventar etc.), somadas aos aspectos, formam as competências, ou seja:

APTIDÃO + ASPECTO = COMPETÊNCIA

Aqui nos interessam os fundamentos como habilidades que possamos aprender para vivermos melhor.

Assim, o reconhecimento da a) existência das coisas como são, b) o fluir da vida em sua variação, c) a aceitação da autonomia de todas as coisas, d) a compreensão das conexões de todas as coisas e e) a adaptação às forças e contraforças da vida, são as habilidades mais preciosas a serem desenvolvidas.

A fórmula que usamos para apresentar essas competências é baseada na dupla (passiva e ativa) das condutas de 'reconhecer' e 'reinventar'. Reconhecer, mais do que no sentido de apenas ver e saber o que está vendo, mas menos do que no sentido popular de aceitar como algo ao qual você se submete. Reinventar como ação ativa, que não parte do zero, porque reconhece o que já existia antes, mas nem por isso limita-se a criar um mundo novo, nem que seja para si próprio, nem que seja abstratamente.

Assim, as competências e os fundamentos nos levam a reconhecer e reinventar a) a existência das coisas como são, b) a variação dos estados nos quais as coisas se encontram, c) as conexões que ligam a todas as coisas entre si, d) a autonomia de todas as coisas (nem que seja por conseguirmos distingui-las das outras, e e) as forças e contraforças que constantemente reequilibram o papel, posição e direção de todas as coisas.

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As competências para a realidade e os pilares da educação.

Outra forma de pensar nas aptidões (que somadas aos aspectos formam as competências) é por referência aos pilares da educação da Unesco.

Tudo começa por aprender a aprender. Porque são todas coisas a aprender, e a jornada é tão longa que, se dependermos de um ambiente acadêmico e da motivação dada a nós pelos outros, nunca conseguiremos aprender tudo o que necessitamos.

E depois disso, vem o aprender a fazer. Porque aprender a teoria e não aprender a prática, não basta. E por isso para nós não basta aprender os aspectos em seu domínio abstrato, mas também é necessário aprende-los como habilidades pessoais que sejamos capazes de exercitar.

Já o terceiro pilar da educação, aprender a conviver, tem ainda mais haver com as habilidades dos fundamentos, porque, os fundamentos são muito mais relevantes para nos relacionarmos melhor com as pessoas do que para nos relacionar com as coisas e o mundo natural, onde as ciências já se desenvolveram muito e onde encontramos as maiores realizações da humanidade. Exemplo: fomos à Lua na década de 1960, e nunca na história da humanidade tínhamos ido antes. Mas o princípio de "amar ao próximo como a si mesmo" continua pelo menos tão novo, desafiante e estranho para nós como foi há 2000 anos.

O aprender a conviver, mesmo que cada nova geração tenha que aprender tudo de novo, tem muitos métodos próprios bem desenvolvidos, tais como, a título de exemplo, a justiça restaurativa, a constelação familiar, a comunicação não-violenta, e assim por diante.

Por fim, o aprender a ser. 

Somos mais nós mesmos quando estamos em harmonia com o universo, e estamos em harmonia quando reconhecemos o pequeno espaço que ocupamos nele e paramos de julgar como ele deveria ser e aceitamos ele como ele é.

E somos mais nós mesmos quando aceitamos as nossas próprias mudanças, e as mudanças das pessoas com que nos relacionamos e as variações do ambiente no qual vivemos.

E somos mais nós mesmos quando reconhecemos nossas ligações com os outros, e nossa vida ganha sentido por pertencer a realidades maiores do que nossa individualidade desgarrada da fonte da vida, seja ela religiosa ou não.

E somos mais nós mesmos quando reconhecemos e reinventamos a autonomia, a nossa própria principalmente, e a dos outros, e a das coisas, e a do mundo enfim.

E somos mais nós mesmos quando aceitamos que cada coisa tem a sua medida, o seu peso, e tem uma certa relação de força com as demais, e que essa relação é dinâmica e que o equilíbrio simétrico é uma situação fugaz.


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Aqui você encontra a lista de todos os aspectos da teoria e pode usá-la para navegar por eles.


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Crédito da foto Kampus Production: https://www.pexels.com/pt-br/foto/acao-atividade-movimento-praia-7659113/

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